Clarice nasceu com uma cardiopatia chamada TGA, o que é isso?

  • TGA é a Transposição das Grandes Artérias, a aorta e a artéria pulmonar estão invertidas, ou seja, a aorta sai do ventrículo direito e a artéria pulmonar do ventrículo esquerdo.

Conheça a sua história!

Meu Nome é Luciana tenho 31 anos. Venho de uma família com dois irmãos e dois sobrinhos, e por isso a vinda da minha filha Clarice já era muito desejada e espera por todos nós.

Desde o primeiro momento que descobri que estava grávida eu tinha muitas dúvidas sobre tudo o que corresponde aos cuidados e a educação de uma criança, mas uma coisa eu tinha certeza: eu queria um parto Cesária! Eu já tinha estudado diversos casos, escutado opiniões de especialista e visto alguns filmes todos a favor do parto normal, mas nada me convencia. Tudo pronto e marcado para o dia 17/09/14, após uma gravidez excelente! Foi ai que minha boneca resolve antecipar tudo e vir ao mundo no dia 16/09/14. Foi tudo do jeito que ela quis, ou melhor, do jeito que Deus quis. Parto NORMAL, com apenas 4 horas de trabalho de parto e 20min na sala de parto. Todos saíram espantados com a qualidade do parto! Me recordo até de um pequeno corredor polonês pelo qual eu deitada na maca tive que passar escutando os comentários: olha aí a do parto mais que normal. Deus Sabe o que faz! Se o parto tinha sido maravilhoso era para me preparar paras os dias mais difíceis da minha vida.

Ao Nascer minha filha não chorou. Disseram que isso poderia acontecer, mas eu não esperava que fosse assim. Ainda tonta com o parto percebi que a pediatra estava tendo que massageá-la para ela poder respirar. Mas como os médicos não diziam nada até então eu estava tranquila. Fomos para o quarto. A família toda em festa. Muitos amigos e presentes. Até que para uma troca de fralda levaram minha pequena e não trouxeram mais. Meu marido ligava a cada meia hora pedindo para trazê-la e diziam que ela estava com frio e precisava ficar na incubadora. Até que veio a pediatra dizer que ela tinha um sopro no coração e que precisaria de um exame especifico para dar o diagnostico exato e enquanto isso ela ficaria na UTI. Doze horas após seu nascimento estava descoberto o seu problema. Ela tinha TGA – transposição dos grandes vasos. Doença que até então nunca tinha ouvido falar, não tinha conhecimento da sua gravidade. Esse dia eu não tive coragem de ir ver minha filha na UTI. Não tinha forças e não era pelo parto e sim pela dor na alma. No segundo dia de vida dela a luta agora era pela sua transferência para o hospital onde ela seria operada. Já que ela tinha que ser operada, eu só desejava que fosse o quanto antes e a burocracia do plano de saúde e questões administrativas massacravam ainda mais meu coração já destruído. Só no terceiro dia conseguimos a ambulância para transporta-la e mesmo assim não era uma ambulância adequada, mas era nela que iriamos. Durante toda essa tempestade, tentava me manter forte para poder cuidar da minha filha, mas vê-la tão pequena deitada numa maca comum sem nenhuma proteção extra apenas o cinto de segurança que a envolvia não pude conter as lágrimas, deixei a maternidade sem mesmo estar de alta. Eu só queria estar com a minha filha.

Chegando ao Real Hospital Português tudo era mais restrito e delicado, as visitas com hora determinada, muitos procedimentos e muitas mães! Mães que eu vi perderem seus filhos. Mas a minha fé nunca foi abalada. No dia da cirurgia eu acordei muito confiante. Estava feliz pela mobilização dos amigos para doação de sangue: das 49 pessoas que doaram sangue daquele dia, 40 foram para minha filha. Isso já não me deixou dúvidas que ela era um ser iluminado. No dia anterior a cirurgia, fazer seu batizado na própria UTI graças ao um anjo de amiga chamada Andréa Gallindo deixou mais confiante, embora com medo que aquela benção fosse uma despedida.

As 8h da manhã, a cirurgia teve início e seria esperado que durasse 6h. Passava do meio dia quando veio o telefonema do bloco cirúrgico avisando que a cirurgia tinha acabado e estava tudo bem. Mas o tempo foi passando e nada da minha filha descer. Foi aí que um novo telefonema nos fez entrar em desespero. Depois de fechada, ela teve hemorragia e tiveram que reabri-la para tentar estancar o sangue. Após 40min de muita oração, escuto a voz da cirurgiã, Dra. Sheyla Hasin, nos chamando para vê-la: “Olhem sua menina! não se assustem. Ela está bem”! Só tinha visto meu marido chorar daquele jeito no dia do parto. Realmente era o renascimento da nossa filhinha. Depois disso foram mais 12 dias de UTI e nove dias no quarto e muitas idas à capela do hospital pedindo forças para viver um dia de cada vez. Hoje Ela está linda e se recuperando muito bem. Toma apenas uma medicação, mas que logo, logo não precisará tomar mais. Leva uma vida normal de um bebê de 4 meses. Todos os dias eu agradeço a Deus pela vida da minha filha e vejo como Deus foi bom conosco. Colocou no nosso caminho uma equipe de médicos e enfermeiros muito competente e comprometida, nos deu oportunidade de ajudar e ser ajudado, de fazer novos amigos e consolidar as antigas amizades, e de aprender a ver a vida com um novo olhar.

Em 16 de fevereiro, a Princesa Clarice fará cinco meses pra alegria de todos que partilharam sua história de luta pela vida! Felicidades e muita saúde que esse mundo é todo seu!

 

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